quinta-feira, 10 de março de 2011

Experiências

Penso que o meu corpo, enquanto junior, foi dado a experiências de índole antropológico por parte de: dois elementos parentais; da minha irmã; algumas pessoas do Miratejo; dois míudos de Corroios; um cão; um cavalo com apetite sexual depois de ter visto o filme: "Chocolate e Bananas"; mais algumas pessoas do Miratejo; e uma pessoa que não pretende ser identificado neste momento...como: Raúl "O Tininho" - nem nunca quis que soubessem que era do Miratejo, e longe de mim alguma vez dizer que morava na: Rua Mil Flores nº 24 3º Dto - pfuuu!!!!Ai de mim; lá voltava a ser a apedrejado. Nunca direi.
Nessa altura da minha vida, realmente senti que dei o meu corpo à ciência. Normalmente, as pessoas que mencionei, escolhiam a altura do Carnaval para utilizarem o meu corpo para essas experiências antropológicas.
Lembro-me de entrar em casa da minha avó, no Cartaxo, como um míudo normal: calças de fazenda (que me picavam as pernas como alfinetes); camisola de gola alta. Dar um beijo aos meus pais. Cumprimentar a minha avó, o meu avô, a minha irmã. De repente, como se tivesse levado com uma tábua no fundo da nuca, perdi os sentidos e só os recuperei na rua; à porta de casa da minha avó com a minha irmã e umas amigas dela adolescentes. Estavam vestidas normalmente. Eu...num lindo vestido vermelho de dançarina sevelhana, com castanholas em ambas as mãos. E assim me passearam pelas ruas da Ereira (Cartaxo). Cerca de três raparigas e uma dançarina sevelhana. Com castanholas em ambas as mãos. A partir daí, todos os momentos que poderiam ser embaraçosos, na minha vida...continuaram a ser. Mas pode-se dizer que comecei do fundo, e lá me mantive. Ainda hoje as pessoas da Ereira recordam as filhas do meu pai, e da minha mãe. Uma Sevilhana e uma normal.
Esta foi a minha primeira experiência a que fui submetido pelos elementos parentais e irmã.
Todas as restantes experiências a que o meu corpo foi submetido na época do Carnaval envolviam: pedras e balões de água. Os resultados inerentes a essas experiências não tinham grande relevo. Apenas me posso gabar que o meu corpo foi submetido ao primeiro apedrejamento, em praça pública, num país da actual União Europeia. Nunca antes tinha sido tentado num país da Europa. Ainda guardo, com grande carinho, os 356 pontos a que fui submetido em 15 partes do meu corpo. Crédito seja dado aos arremessadores das pedras, que conseguiram mais de 90% dos pontos na minha cabeça. Um feito impressionante num país ainda tão pouco desenvolvido na arte do apedrejamento público. A minha vida continuou após ter saído do coma. Dois anos apenas. Ah!Ah! Meninos. Apenas anseio um dia conseguir ir à Nigéria para poder estar entre os melhores apedrejados do mundo. Há elementos que já vão nos 15000 pontos. Quem me dera. É um feito. Assim que conseguir sair desta cama e deixar de escrever com esta palhinha talvez vá. Agora vou terminar. As enfermeiras já estão aqui para me lavarem. Estou com sede mas, por estranho que pareça, nunca mais consegui agarrar um objecto. Tudo me cai. Dizem que tenho os cotos escorregadios. eh!eh!

Despeço-me com amizade
SAF