terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Vitória

Finalmente o conceito de: vitória; vitória estrondosa; ganhar; sucesso; dar uma abada; - mudou. Já não era sem tempo que alguém teve coragem de assumir que "levar uma abada" significa: uma vitória estonteante. Este feito deve-se a duas pessoas: Fernando Nobre e Francisco Lopes. Eles conseguiram que a minha vida, ao fim de trinta oito anos, seja repleta de sucessos. Obrigado.
Recordo agora que o facto de, durante a primária e preparatória, nunca ter sido convocado para jogar à bola pelos meus colegas - com uma justificação meritória: uma equipa tem sempre que jogar com menos um (seis contra cinco, para ser mais equilibrado). Isto sim, mostrava que era um jogador imprescíndivel - era a vitória da cidadania. Eu era um cidadão que, pelo simples facto de não jogar, possibilitava que se jogasse à bola.
Quando levei um ensaio de "porrada" de um cigano, seis anos mais novo do que eu - eu tinha doze - agora sei que foi uma vergonha para o cigano.
- Toma - gritava eu, enquanto ele, de rastos, me servia com uma tábua na testa. Deixei-o completamente zonzo.
- Toma - gritei eu novamente, enquanto ele, agonizado de dor, me fornecia mais um belo "passing shot", de esquerda, com essa magnífica tábua. Agora penso para mim: Devo-o ter deixado em mísero estado - coitado. E ainda bem que contei ao meu pai. Ele viu que tinha ali um filho vitorioso e perigoso. Sabia que eu me sabia defender, bem como atacar - aposto que era o que ele pensava enquanto o médico me fazia reanimação.

Toda uma nova perspectiva se abre agora. Agora sei que o Benfica está à frente do Porto com menos oito pontos.
Agora sei que teve uma brilhante vitória nas Antas, depois de ter encaixado cinco golos na própria baliza.

Agora sei que o discurso que o meu patrão me poderá fazer será de parabéns:

- Lamentamos ter que o despedir. O Sérgio é um trabalhador exemplar. O facto de não lhe darmos qualquer indemnização mostra o quando admiramos o seu trabalho. Já colocámos o processo disciplinar e concerteza vai ser um sucesso. Muito obrigado por estes anos em que, praticamente, foi uma boa nulidade.

Isso sim é um discurso. Que eleva qualquer ser humano à condição de Deus.

Obrigado Fernando Nobre.
Obrigado Francisco Lopes.

Despeço-me com amizade.
SAF